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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Gesso e bronze - Castro Alves

FOI CANOVA ou Davi... Um mestre, um escultor,
Duas estátuas fez simbolizando o amor...


Uma — pálida e fria, inda amassada em gesso
No canto da oficina ensaio sem apreço!...
Outra — prodígio d'arte, arrojo peregrino,
Encarnação de luz em bronze fiorentino!...


Uma noite, porém, um raio, o acaso... um nada
O incêndio arremessando à tenda profanada...
No vermelho estendal das cinzas do brasido
Viu-se o esboço de pé!... e o bronze derretido!...


Senhora, Deus também às vezes é escultor,
E gosta de esculpir nos corações o amor...
De argila ou de metal, de barro ou de alabastro
Com o limo com que faz a escuridão e o astro


Mas quando o acaso... um gesto... um riso leviano
Ateia a flama vil de um zelo ardente, insano...
Sabeis o que se dá?
— O amor de gesso medra
De lodo que era há pouco enrija faz-se pedra


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Mas da lava infernal o beijo libertino
Funde a estátua do amor de bronze florentino!!

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