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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Meu ser evaporei na lida insana - Bocage

Meu ser evaporei na lida insana

Do tropel de paixões, que me arrastava;

Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava

Em mim quase imortal a essência humana:



De que inúmeros sóis a mente ufana

Existência falaz me não dourava!

Mas eis sucumbe Natureza escrava

Ao mal, que a vida em sua origem dana.



Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!

Esta alma, que sedenta em si não coube,

No abismo vos sumiu dos desenganos:



Deus, oh Deus!... Quando a morte à luz me roube

Ganhe um momento o que perderam anos,

Saiba morrer o que viver não soube.

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