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domingo, 16 de outubro de 2011

Resenha, em forma de poema, do livro "Admirável mundo novo", de Aldous Huxley - Autoria própria

No futuro de Ford
Somos todos levados
A pensar e andar
Tal como rebanho
São todos iguais
Os diversos diferentes
Criaturas de uma casta
Que por todos pensa

Na liberdade
Libertinagem
Sexo sem peias
Não há paixão, nem família
Todos filhos do Estado
Antes do berço escolhidos
Designados
Destinos marcados
Tal como gado
de abate

Gens manipulados
Fetos adestrados
Sutil hipnose
A sociedade que se prostra
Mentores do nada
De todos subtraem
A dor, o lamento, a dúvida
A essência da vida

Abole-se a religião
Resta a fé na ciência
Nos dogmas ateus
Nos sacerdotes profanos
Que exorcizam o pudor
E santificam o pecado
Liberdade totalitária
Realidade imaginária

Mas resta uma esperança
Que vive nos selvagens
Na sabedoria do bárbaro
Belo, casto e rebelde
Shakespeare – ainda que morto
É seu mentor amado
Em seus livros o selvagem
Saboreia outras vidas

É dentro desta selvageria
Que reside a civilidade
O amor pela mãe
A paixão pela amada
Num mundo asséptico,
Apenas o selvagem
Reconhece a barbárie

E aqueles que o cercam
Impregnados ficam de selvageria
Revoltam-se contra a estabilidade
De um mundo que desestabiliza
E neles a chama que há
No peito do bárbaro
Agora resplandece forte
Brilhante e valente

A liberdade que eles recebem
Acompanha-os no degredo

O insurreto selvagem
Cansou-se da barbárie
Fugiu do sexo sem culpa
E renegou a paixão
Oferecida
Para o exílio ele foi
Solitário

Mas mesmo a sua solidão
Foi profanada
A civilização insistia
Perseguia o selvagem
E repetiam seus gestos
Mimetizavam a selvageria

Quanto ao pobre selvagem...
Só lhe restava um norte
Só lhe restava uma sorte
Só lhe restava - a morte
No triste mundo admirável

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